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Francisco Florentino


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Histórico
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A equipe liderada por Amihai Mazar, da Universidade Hebraica de Jerusalém, já tinha forte suspeitas de que os cilindros de argila achados em Tel Rehov (norte do país), no vale do rio Jordão, tinham servido para criar abelhas. Uma pequena abertura de um lado e uma tampa do outro sugeriam locais para a entrada dos insetos e para a manipulação dos favos.

Mas foi só agora, com a ajuda de um biólogo brasileiro, que a equipe conseguiu estudar em detalhe os restos de abelhas achados dentro de duas das colmeias. Tiago Francoy, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, explica que foi procurado pelos israelenses graças à sua colaboração com outro autor do estudo, o alemão Stefan Fuchs.

 

Foram encontrados pedaços de âmbar transparente envolvendo abelhas em pesquisas arqueológicas. As teorias dizem que já existiam abelhas há 42 milhões de anos, idênticas às actuais. Mas o que se têm de fato, é o relato do uso do mel pelas civilizações mais antigas traçadas pela história, sendo uma delas os Sumérios.

Há registro gráfico de arte rupestre representado abelhas datando do neolítico em caverna na área onde hoje fica Valência (Espanha). Outra representação antiga está gravada na tumba da Ramsés IX, no Egito, essa datando de 1.100 a.C.2 .

Na obra de Eva Crane (Honey, a Comprehensive Survey), encontramos informações de que os Sumérios, que se estabeleceram na Mesopotâmia por volta de 5000 a. C., já usavam o mel. Dos textos Sumérios que sobreviveram até os nossos dias são conhecidas duas passagens que falam a respeito do mel.

Três mil anos depois, esta região seria conhecida por Babilónia. Os Babilónios já usavam o mel também na medicina. Posteriormente, os hititas invadiram a Babilónia. No código hitita, por volta de l300 a.C., aparecem as primeiras referências em uma legislação que regula algo a respeito de mel e abelhas.

Por volta do ano 3400 a.C., o soberano do Alto Egito uniu seu reino ao Baixo Egito. Desde a primeira dinastia, em 3200 a.C., adoptaram-se as abelhas como símbolo do faraó do Baixo Egito. O mel era muito usado pelos antigos egípcios, especialmente pelos sacerdotes, tanto nos rituais e cerimónias como para alimentar animais sagrados.

Há textos que põem em destaque a existências de apicultura migratória no antigo Egito, o que significa que já naquela época era bastante usado algum tipo de colmeia móvel.

Na Bíblia, no Antigo Testamento, há informação suficiente para concluir que na Terra Prometida dos hebreus, “regada por leite e mel”, o mel era amplamente usado. Em vários textos bíblicos, o mel também é citado em diversas passagens do Antigo Testamento, sendo mencionado em alguns Salmos:

Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais do que o mel à minha boca. (salmo 119:103)

O temor do SENHOR é límpido e permanece para sempre; os juízos do SENHOR são verdadeiros e todos igualmente, justos. São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos. (Salmo 19:9-10)

No livro de Provérbios, o mel é mencionado pelo autor como um medicamento, o que demonstra que os hebreus já utilizavam esta substância não só com fins alimentares mas também terapêuticos:

Palavras agradáveis são como favos de mel: doces para a alma e medicina para o corpo. (Provérbios 16:24)

Em sua poesia de Cântico dos Cânticos, Salomão, o mesmo autor da maioria dos Provérbios, faz outra menção ao mel, incluindo-o como um dos mais excelentes produtos da época:

Já entrei no meu jardim, minha irmã, noiva minha; colhi a minha mirra com a especiaria, comi o meu favo com o mel, bebi o meu vinho com o leite. Comei e bebei, amigos; bebei fartamente, ó amados. (Cantares 5:1)

Acredita-se na existência de apicultura sistemática já na pré-história, pois a própria atuação de Aristeu que, conforme narra Virgílio inspirado na Mitologia grega, teria sido o primeiro apicultor e cultivou abelhas melíferas em carcaças de animais mortos3 , leva-nos à ideia de que existe uma grande possibilidade de os personagens mitológicos terem sido seres humanos que se destacaram por serem inteligentes, habilidosos ou bem dotados, com o tempo eles teriam se tornado lenda.

Pela época do historiador Hesíodo, contemporâneo de Homero, a apicultura sistemática já era um fato, pois se menciona o “simblous, ou simvlus”, que era um tipo de colmeia construída por mãos humanas.

Escavações feitas em Feston, na ilha de Creta, por companhias arqueológicas italianas, trouxeram à luz colmeias de barro que pertenceram à época minóica, 3400 a.C., bem anterior a Hesíodo e Homero. Outros achados destas escavações revelam o alto estágio da apicultura desta época. Entre eles estão duas jóias de ouro; uma delas mostra duas abelhas, datada de 2500 a.C., e foi encontrada nas escavações da antiga cidade de Cnossos.

Homero, o poeta, na sua consagrada Odisseia, fala sobre uma mistura de mel e leite, chamada “melikraton”, que era considerada uma excelente bebida; menciona também que as filhas órfãs de Píndaro eram alimentadas pela deusa Vénus (Afrodite) com queijo, mel e vinho, os mesmos alimentos usados por Circe, a feiticeira, que fascinou os companheiros de Ulisses.

Foi Aristóteles quem primeiro fez estudos com métodos científicos a respeito de abelhas, “melissas”, utilizando colmeia cilíndrica feita com ramos de árvores entrelaçados com uma mistura de barro e estrume de vaca. Esta colmeia hoje é chamada de “anastomo” ou “cofini”, e em certas regiões da Macedônia ainda é usada.

No período pré-aristotélico, a apicultura já tinha em grande parte sido sistematizada, tanto assim que o grande legislador ateniense Sólon dedicou-lhe vários artigos da lei, o que comprova seu estágio avançado naquele tempo. Um dos artigos proibia a instalação de um novo apiário a uma distância menor que 300 pés (90 metros) de um apiário já existente.

A cesta cilíndrica usada como colmeia possuía alvado ou buracos por onde entravam as abelhas, na parte superior, boca, onde eram colocadas de oito a doze ripas de madeira, paralelas. Ao longo da parte inferior destas ripas era derramada cera derretida, bem no meio, e ao longo de seu comprimento. A partir deste fio de cera, as abelhas iniciavam a construção de favos paralelos que chegavam ao fundo da cesta. Estes foram os primeiros favos móveis de que se têm notícias.

Com favos móveis, Aristóteles conseguiu fazer observações valiosíssimas, das quais algumas sobreviveram até a descoberta do microscópio, outras até Langstroth, apicultor estadunidense do século XIX, o espaço abelha, e as medidas são válidas até hoje.